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terça-feira, 12 de setembro de 2017

1 ano de Canadá!

E ai negada 😀

No dia 3 de Agosto, completamos 1 ano de termos deixado nossa família e amigos (pois do país não sinto falta) em busca de uma vida melhor no Canadá. Tem sido um período de muito aprendizado, amadurecimento e autoconhecimento. Esta um pouco atrasado, mas vou fazer um balanco geral.

Os Canadenses
É um povo extremamente educado, paciente e cordial. Fazem de tudo pra ajudar até sem você pedir ajuda, e tentam te entender por pior que seja seu inglês. Ainda nao ouvi uma única buzina no trânsito, nem mesmo quando tivemos um blecaute devido à freezing rain. Mesmo quando fiz umas barbeiragens, a pessoa parou do meu lado, pediu pra eu baixar o vidro e explicou porque eu fiz besteira.

É um povo bem humorado, mas contidos: não são de sair se abraçando, os casais não andam de maos dadas, você não vê azaração (nem aquela olhadinha pra trás fazem)... Me pergunto como esse povo chega a acasalar.

Levam a pontualidade ultra a sério. Se marcam um appointment às 5, você deve chegar no MÁXIMO 4:50. E fumam MUITO, mas apenas onde é permitido.

Aqui no atlÂntico, o ritmo de vida é beeeem devagar: as pessoas daqui não sabem o que é pressa ou estresse.

Os serviços
No geral, tudo funciona perfeitamente bem. Os funcionários são bem humorados e eficientes, mesmo os públicos (exceto oficiais de emigração; eles sao FDPs padrão DETRAN) e os caixas de supermercado. Algumas coisas são muito rápidas, como carteira de motorista (leva 15 minutos pra sair com uma nova via), outras nem tanto (como conseguir um medico da família). Imposto de renda, se enviado online, você recebe a restituição em 2 semanas; se for em papel, 1 mês.

Como estamos em uma cidade pequena, a única opção de transporte é o ônibus. Eles são bem espaçosos, confortáveis e conservados, e nunca vi um nem com metade da lotação; ninguém viaja em pé. Mas eles são poucos, e passam de 30 em 30 minutos ou até pior. Dá pra quebrar o galho, tipo ir ao cinema ou voltar do trampo, mas o ideal mesmo é ter seu carro. Dependendo do seu padrão de exigencia, quaisquer 1000 dolares te descolam um automatico.

TUDO precisa ser agendado. Consulta com medico, salão de beleza, falar com um gerente no banco, exame de sangue... Quase nada tem a opção de chegar na hora e ser atendido.

No geral, as ruas são verdadeiros tapetes. Ao fim do inverno, surgem alguns buracos, e por isso o periodo entre invernos é chamado "estação da construção".

Ensino
Basicamente, público e de boa qualidade. Canadenses de baixa renda fazem college de graça ou com empréstimo sem juros, e a estrutura da NBCC está anos luz a frente da UECE ou UFC. O estilo de ensino é um pouco diferente, o professor ensina bem menos e "guia" mais, por isso mesmo se chamam de instrutores ao invés de professores. Você nao vê nenhum sinal de vandalismo ou depredação. Existe academia a disposição dos alunos, além de sinuca, pebolim e até video game.
Os alunos de TI precisam levar seu proprio notebook, o college só fornece o monitor (e depende da sede). As salas possuem seu proprio projetor, fixo no teto ou na parede. O refeitório de Moncton é mantido pelos próprios alunos de culinária, a comida é fantástica (nível de um BOM restaurante) a um preço acessível: 13 dólares. O dinheiro ajuda a bancar um estágio que eles fazem em Toronto.

Saude
É tudo gratuito. Mesmo clínicas. Basicamente, você so paga pela medicação e por dentistas. Tudo passa pelo médico da família; você não marca com um otorrino, por exemplo. Você vai no médico da família e ele decide pra quem você vai, e já te encaminha. Só que aí tem 2 problemas: conseguir o bendito médico da família, e a fila pra ver o especialista. O primeiro costuma demorar bem mais que o segundo. A ficha do paciente é totalmente compartilhada no sistema: qualquer médico que você for terá acesso a todas as suas consultas e resultados de exames.

Emprego

Tem e você consegue fácil, basta falar inglês e não ter preconceito com "sub emprego". Em 2 semanas estávamos os 2 empregados como faxineiros, e nunca ficamos mais de 15 dias se emprego.
No meu plano original, eu iria pro college e trabalharia part time como programador. Infelizmente, as aulas são de 8:30 às 15 ou 16 horas, e as empresas só funcionam no horário comercial, de 9 às 5. Ou seja, impossível. Acabei trabalhando de faxineiro, lavador de pratos e cozinheiro, e agora estou num call center.
Apesar dos programas do governo pra facilitar a contratação de mão de obra internacional, a maioria das empresas tem muita resistência a isso. Poucos tem a mente mais aberta e se dispõe a continuar o diálogo ao saber que você não tem open work permit.

A vida

É muito estranho no começo a ausência de violência. Cidades maiores tem alguma coisa (nada comparável ao Brasil, logico), mas aqui numa cidade pequena não se escuta quase que absolutamente nada. As pessoas não trancam as casas nem os carros, as crianças deixam as bicicletas e demais brinquedos largados na frente de casa. E quando acontece alguma coisa e' uma grande manchete e todos ficam chocados.

Ha muita opção de entretenimento gratuito, e você fica mais a vontade de aproveitar tudo devido a segurança. O fato de anoitecer mais tarde ajuda a curtir mais o dia.

Por aqui existe uma quantidade moderada de restaurantes. A comida em si não é cara, mas é preciso lembrar que tudo é prato individual. No geral, o povo é bem menos criativo na cozinha. Um exemplo: sushi. Nada de cream cheese e outras peripécias que vemos no Brasil (e do qual sinto falta). Aqui tem MUITO estabelecimento asiático: chinês, japonês, vietnamita, tailandês...

As dificuldades

Definitivamente, a falta da família e amigos é o maior problema. Imaginei que fosse sentir falta do meu pai, mas não esse absurdo. Por mais que você faca "amigos" aqui, e diferente da galera que você conhece a décadas. Sinto muita falta da baderna do pessoal, de tomar aquela gelada no fim de semana com eles...

Outro obstáculo é a questão financeira. Ser estudante tem 2 implicações: você precisa pagar a tuition e só pode trabalhar 20 horas semanais. Esse ultimo implica não só em meia renda, como uma dólar/hora mais baixa: empregos de mais alto nível preferem pessoas full time e em horário comercial. Já chegamos a racionar comida devido a imprevistos, e teríamos fracassado se não fosse pelo socorro do meu pai.

Por último, a barreira gustativa. Tem hora que bate uma saudade monstra daquela comida com que crescemos acostumados, e nem tudo é fácil de conseguir aqui no Atlântico. Em Montreal e Toronto se acha basicamente tudo, já aqui...

Dicas e Conselhos


Se você está cogitando ou já executando o "Plano Canada", alguns conselhos de quem já está aqui na realidade canadense ha 1 ano:


  • Esgote todas as possibilidades de chegar com PR - veja programas provinciais, federais, faça IELTS. Não ter a despesa de um college E poder trabalhar full time faz uma diferença enorme na sua qualidade de vida. Venha como estudante em ultimo caso.
  • Não existe "dinheiro demais" - você gasta MUITO pra começar sua nova vida: carro, aluguel de casa, calção de aluguel, comprar louca, eletrônicos, mobília, comer, se divertir... Tem gente que chega nos grupos falando "esses ricos que juntam 100 mil reais pra imigrar". Infelizmente, começar uma nova vida não e' barato. 100 mil para essas despesas + pagar college VOA RAPIDO, e isso aqui no humilde atlântico... Se você for pra Toronto ou Vancouver, esse dinheiro acaba num espirro.
  • Emigrar não e' prova de fogo - se você e seu conjugue vivem em pé de guerra, ou se um dos dois não quer emigrar de forma alguma, ou se vocês estão juntos há pouco tempo e "vamos casar só pra emigrar", ou você está se tratando de depressão, ADIE A EMIGRACAO. Todas as adversidades que você irá enfrentar vão te testar ao extremo. É indispensável ter seu parceiro lhe apoiando e lhe dando forca nos momentos de fraqueza, e vice-versa. Você pode ter dificuldades financeiras, ficar isolado no frio, sentir falta de família e amigos.... Se vocês não estiverem em sua melhor forma, não vão aguentar. Não se iluda achando que seu marido que se recusa a estudar inglês vai desencantar quando chegar aqui.
  • Pesquise ao máximo sobre sua profissão e onde vai morar: veja o mercado de trabalho, se você pode atuar diretamente ou precisa fazer uma validação, e como seria isso. Veja as vagas na região, o custo de vida, se contratam part time ou apenas full time.
No mais é isso. Continuamos firmes e fortes, com a esperança de receber o PR em breve.